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domingo, 6 de janeiro de 2013

Por que o bicho-preguiça é tão preguiçoso?

Os movimentos lentos dos bichos-preguiça são o principal motivo do animal ter recebido este nome. Mas na verdade, os movimentos desses animais são os mesmos dos outros mamíferos, apesar de acontecerem de forma devagar.
Eles têm um bom motivo para serem preguiçosos assim: economia de energia. Os corpos dos bichos-preguiça evoluíram com adaptações para isso, já que o animal tem longos braços e omoplatas curtas, que permitem muito pouco movimento.


A zebra é um bicho preto com listras brancas ou branco com listras pretas?

Ainda não há uma resposta definitiva para esse que é um dos mais insondáveis mistérios da natureza. Nos debates científicos - por incrível que pareça, há especialistas para discutir esse assunto -, a idéia mais aceita é de que a zebra é um bicho negro com listras brancas. Essa é a teoria que os biólogos americanos Gilbert Scott e Susan Singer sustentam no livro Biologia do Desenvolvimento.

Por que o focinho dos cães é gelado?

Na verdade, o focinho dos cães não é gelado, mas, sim, bastante úmido. Isso acontece porque os cães possuem uma quantidade pequena de glândulas sudoríparas - glândulas que liberam o suor para auxiliar o corpo a eliminar calor. Para controlar a temperatura interna, o melhor amigo do homem precisa transpirar pela boca e pelo focinho. Isso explica por que os cães andam com a boca aberta, respirando como se estivessem ofegantes. O ato não significa necessariamente cansaço, mas, sim, um processo de eliminação de calor do corpo: o ar quente sai e o frio entra. Essa mesma troca ocorre no focinho. Quando o ar quente interno sai por ali e entra em contato com o ar ambiente mais frio, ele sofre o processo de condensação e ganha a forma líquida, molhando e resfriando o focinho.

Por que as baleias ejetam água?

Na verdade, as baleias não ejetam um esguicho de água como parece. Elas ejetam ar quente, que, ao encontrar o frio da atmosfera, condensa-se, criando uma nuvem de gotinhas de água. Nas baleias maiores, como a azul, esse borrifo pode chegar a 9 metros de altura. Aliás, é pelo borrifo que os caçadores estimam a localização, a espécie e o tamanho das baleias - em geral, quanto maior a baleia, maior o borrifo. Mas, além da altura, eles ficam de olho no formato: o borrifo da baleia franca, por exemplo, tem formato de V.
Mas não são só as baleias que têm “esguicho”. Essa é uma característica de todos os cetáceos (golfinhos e botos, além das baleias). Ao contrário dos peixes, eles respiram através de pulmões e, por isso, precisam subir à superfície para fazer a troca gasosa.



RESPIRE FUNDO
Baleias têm pulmões até mil vezes maiores que os nossos
1- Quando a baleia 4 chega à superfície, o ar entra pelo orifício respiratório, uma espécie de nariz da baleia. Assim que ela mergulha, um tampão fecha este orifício e impede a entrada de água, evitando que ela se afogue.
2- O ar chega aos pulmões, onde ocorrem as trocas gasosas. A diferença em relação aos nossos é que, enquanto absorvemos em média 15% de oxigênio do ar inalado, as baleias aproveitam 90%. Por isso, ficam tanto tempo submersas - a cachalote, por exemplo, fica até uma hora e meia debaixo da água.
3- Dos pulmões, sai o sangue oxigenado em direção ao coração da baleia. O sangue dos cetáceos é muito mais escuro que o nosso em função da abundância de hemoglobina (proteína que transporta oxigênio). Isso também os ajuda a tirar maior proveito do ar inalado.
4- Para tornar a respiração mais eficiente, assim que a baleia mergulha o coração passa a bater mais devagar, reduzindo o fluxo de sangue. O oxigênio circula lentamente e o gás carbônico volta aos pulmões, de onde é encaminhado para o orifício respiratório.


Existe alguma raça de cachorro que não late?

Sim! Os cães da raça basenji emitem um monte de sons estranhos, de uivos a grunhidos, mas latir que é bom... O motivo pra isso ainda é um mistério, mas uma das teorias é que, no Egito antigo - de onde ele seria originário - o basenji era usado como cão de caça. Nessa função, quanto mais silencioso o cão fosse, mais eficiente ele seria para se aproximar das presas. Daí para a espécie "desaprender" a latir, só foi necessário o processo evolutivo, no qual teriam predominado os indivíduos mais quietinhos. Outra curiosidade estranha sobre a raça é sua mania de se lamber, como fazem os gatos... Segundo a criadora Helena Coragem, dona do canil Baktaran, em Brasília, o basenji é um cachorro dócil e que adora crianças. "Mas também é muito bagunceiro,principalmente quando ainda é jovem", diz Helena. Outra característica da raça é a pelagem curta e as orelhas avantajadas e eretas, que dão ao cão uma permanente posição de "sentido!"



Se o hipopótamo é herbívoro, por que ele ataca o ser humano?

Os hipopótamos são animais extremamente territorialistas e costumam avançar sobre pessoas e bichos que invadam seu habitat. Apesar da aparência pacata, eles superam animais mais ferozes, como leões e tubarões, no número de ataques a seres humanos, sendo que a maior parte das investidas acontece quando os hipopótamos estão na água. Encontrados apenas na África, eles vivem em bandos de 30 indivíduos, em média, liderados por um macho. Corpulentos, chegam a pesar mais de 3 toneladas e medir 3,5 metros. Para escapar do calor africano, passam o dia mergulhados em lagos ou rios e saem à noite para pastar. Apesar do corpo pesado, são capazes de correr curtas distâncias a 50 km/h! Hoje só existem duas espécies do animal: o hipopótamo comum (Hipopotamus amphibius) e o pigmeu (Hexaprotodon liberiensis), que tem o tamanho de um porco e é encontrado em florestas tropicais africanas. Ao contrário de seu "primo" mais conhecido, os pigmeus são animais solitários ou que vivem em pares. Estima-se que existam no máximo 3 mil hipos pigmeus no planeta.

Os animais sonham?

Sim. Em vários mamíferos estudados, como ratos, gatos, cães, macacos e elefantes, especialistas verificaram a presença do REM, estágio do sono em que rolam os sonhos. Nas aves também, mas, por outro lado, ainda não há registro de que isso ocorra com os répteis, talvez por serem animais de sangue frio. Mas qual é o conteúdo dos sonhos dos bichos? "É impossível formular hipóteses, mas acreditamos que esteja relacionado à memória de eventos vividos pelo animal", diz a psicobióloga Sílvia Helena Cardoso. Uma das descobertas mais recentes foi feita por cientistas do Centro de Memória e Aprendizado do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, nos Estados Unidos. Ao monitorar a atividade cerebral de ratos acordados e dormindo, os pesquisadores viram que os roedores têm um padrão de sono semelhante ao nosso, com sonhos longos, complexos e até possíveis pesadelos!

Por que esses insetos fazem aquele barulho insuportável?

Tudo é por causa do bater de asas deles. "O zumbido é resultado da alta freqüência do batimento das asas dos mosquitos, que, dependendo da espécie, pode chegar a mil movimentos por segundo", diz o entomologista (estudioso dos insetos) Delsio Natal, da Universidade de São Paulo (USP). É como se cada inseto fosse um microventilador. As pás do aparelho fazem barulho quando se movimentam deslocando ar, certo? Com os insetos, acontece a mesma coisa - a diferença é que o barulho é mais agudo porque o número de movimentos das asas por segundo também é maior. Engana-se quem acha que aquele "zzzz" que a gente tanto odeia é exclusividade de mosquistos como os pernilongos: vários outros insetos voadores, como abelhas, vespas e libélulas, também provocam zumbido ao voar. "Mas como os pernilongos voam perto do nosso rosto em busca de sangue, o barulho provocado por suas asas é facilmente ouvido", afirma Delsio.

Por que os cães comem grama de vez em quando?



Para melhorar seu processo digestivo. "É um comportamento normal e que não deve causar preocupação", afirma o veterinário Mauro Lantzman, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Embora não sejam vegetarianos, os cachorros, assim como outros animais carnívoros, como gatos, lobos e raposas, possuem esse hábito. "A fibra presente na grama ingerida pelo cão tanto melhora seu trânsito intestinal quanto provoca vômito no caso de o animal ter ingerido algum alimento que não lhe fez bem", diz Mauro. Isso acontece porque os vegetais têm a capacidade de irritar o estômago canino e provocar a rejeição daquilo que está causando náusea e dor, como alimentos impróprios e estragados. Os gatos também podem comer grama para expulsar do estômago, por meio do vômito, tufos de pêlo ingeridos durante as lambidas no próprio corpo. Já a ingestão de terra por totós e bichanos é um sintoma característico de deficiência de sais minerais (inclusive cálcio e fósforo) na dieta.

É verdade que gatos de três cores só podem ser fêmeas?

Digamos que é quase verdade, já que menos de 1% dos gatos tricolores são machos e, ainda assim, frutos de uma anomalia cromossômica. Para entender como é definida a cor da pelagem dos gatos, primeiro é preciso saber duas coisas: essa característica é herdada dos pais do animal e os genes das cores (preto, branco e amarelo) estão presentes no cromossomo X. Na reprodução, a fêmea passa para o filhote um cromossomo do tipo X e o macho pode enviar um X, dando origem a uma fêmea (XX), ou um Y, formando um macho (XY). Cada gato, portanto, tem um par de genes relativos à cor e esses genes podem ser do tipo dominante ou recessivo. "Para uma fêmea ter três cores ela precisa possuir um cromossomo X com o gene amarelo e o outro X com o gene branco dominante", afirma a bióloga e doutora em genética animal Edislane Barreiros de Souza, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Assis (SP). No caso do macho, para ele ser tricolor, precisaria ter também dois cromossomos X (o com o gene amarelo e o com o branco), além do cromossomo Y, que o torna do sexo masculino. Isso resultaria numa aberração cromossômica. Quando tal raridade acontece, o gato tricolor (XXY) é estéril.

Como a coruja consegue virar a cabeça para trás?

O segredo está na coluna cervical do animal, que é formada por vértebras extremamente flexíveis, como mostra o infográfico abaixo. Entretanto, se você acha que só ela é capaz de realizar esse incrível contorcionismo, está enganado. "Todas as aves têm essa habilidade. Mas, como os olhos da coruja são frontais, a rotação da cabeça dela fica mais evidente", afirma a bióloga Elizabeth Hofling, da Universidade de São Paulo (USP). Os cisnes, por exemplo, têm quase o dobro das tais vértebras cervicais flexíveis que fazem a cabeça da coruja girar. O movimento realizado pela coruja também chama mais atenção que o de outras aves por causa da percepção equivocada que temos da grossura de seu pescoço - por baixo da densa plumagem, o pescoço dela é fino e articulável. Movendo a cabeça para um lado e para o outro, as aves podem ter uma visão mais ampla de onde se encontram. No caso das corujas, essa agilidade serve para compensar o fato de os olhos delas - grandes, mas quase imóveis - oferecerem um campo visual muito limitado.

Os bichos cometem suicídio?

É clássica a crença de que alguns animais cometem suicídio. Muitas pessoas pensam que os escorpiões, quando encurralados pelo fogo, picam a si mesmos para abreviar o sofrimento e acabar com a própria vida. Outros acham que os lemingues se lançam ao mar num cinematográfico suicídio para abrir espaço para outras populações. "Essas crenças não têm nenhum fundamento. A evolução costuma selecionar organismos que tenham mecanismo de sobrevivência individual, não mecanismos de interrupção da vida", afirma o etólogo (estudioso do comportamento animal) César Ades, da Universidade de São Paulo (USP).
Dessa forma, o suicídio enquanto morte intencional não faz sentido dentro de uma perspectiva biológica entre os animais irracionais. "Podemos dizer que o suicídio é uma prerrogativa do ser humano. A capacidade simbólica de que dispomos nos torna capazes de prever e de precipitar nossa morte", diz Ades. O especialista, no entanto, faz uma ressalva: "É verdade que os animais podem expor sua vida - e mesmo perdê-la - em função de uma defesa da própria existência da espécie". É o que ocorre com certos tipos de aves que, quando o ninho onde criam seus filhotes é ameaçado, se arrastam no chão, bem à vista do predador em potencial, simulando uma asa quebrada. Ou ainda o que ocorre com algumas espécies de aranhas encontradas na Austrália e na região do Mediterrâneo, na Europa, que se deixam ser devoradas pelos filhotes numa bizarra estratégia de perpetuação da espécie.


Por que o avestruz enfia a cabeça no buraco?

Não passa de lenda a história de que os avestruzes enfiam a cabeça no buraco quando estão com medo. "Na verdade, eles encostam o pescoço e a cabeça no chão, mas não chegam a metê-la em buracos", diz o empresário Fernando Antonio Carlini, que tem uma fazenda de criação de avestruzes em Piedade, interior de São Paulo. Ao pôr a cabeça no chão, o animal escuta melhor a aproximação de algum inimigo. Ao mesmo tempo, arruma uma boa camuflagem, pois deixa à mostra apenas a parte do corpo coberta de penas, o que, de longe, pode parecer um arbusto para um predador. O avestruz (Struthio camelus) é a maior ave existente no planeta, podendo atingir 2,5 metros de altura e mais de 150 quilos de peso.
Ele também é considerado um dos animais mais resistentes, já que pode ficar até oito dias sem beber uma gota d’água. Na África, de onde são originários, vivem em grupos compostos por cinco a 50 indivíduos e, quando se sentem ameaçados, podem correr a uma velocidade de 65 km/h. Desde o final dos anos 90, o avestruz passou a ser criado para fins comerciais no Brasil. Sua carne é famosa pelo baixo teor de gordura.


O que são peixes-voadores? Como eles voam?

Esses curiosos animais compreendem cerca de 40 espécies de peixes carnívoros e herbívoros da família Exocoetidae, encontrados apenas em mares de águas mornas. Todos eles têm o corpo fino e crescem pouco, atingindo no máximo 45 centímetros. Ao contrário do que se possa imaginar, esses bichos não voam como as aves, batendo asas para cima e para baixo. O que eles fazem, na verdade, é ganhar impulso para dar grandes saltos. Depois, abrem suas barbatanas para planar, ficando no ar por até 15 segundos. No vôo, o mais comum é que as espécies cubram uma distância de, no máximo, 180 metros. Mas em saltos múltiplos os tipos recordistas conseguem planar por 400 metros. Em geral, os peixes utilizam esse recurso para fugir de seus predadores, principalmente tubarões, atuns e golfinhos. O Brasil não tem os tipos tradicionais de peixes-voadores, mas as águas amazônicas abrigam uma espécie parecida: é o peixe-machadinha, que faz vôos bem mais curtos, de 1,50 metro de distância.

Um saco plástico com água realmente afasta moscas?

Afasta, sim. Na verdade, um saco cheio de água funciona como um excelente repelente não apenas para moscas, mas contra qualquer inseto que voe. Isso acontece porque os bichinhos percebem o objeto como se ele fosse um espelho e mudam a trajetória de seu vôo. Ao entrar em um lugar qualquer e topar com o saco cheio d’água, a mosca vê sua imagem refletida no líquido. Aí, por instinto ou mesmo por susto, ela pára e sai do ambiente. "É mais ou menos a mesma coisa que acontece quando deparamos com um espelho que reflete a luz do Sol. Se somos atingidos pelos raios solares, isso nos incomoda, e nosso impulso inicial é dar meia-volta ou desviar o caminho, até mesmo como medida de precaução", afirma o engenheiro agrônomo Octávio Nakano, da Universidade de São Paulo (USP). A comprovação científica desse antigo hábito popular surgiu quando alguns pesquisadores da USP notaram o costume de bares e restaurantes usarem o tal saco d’água para afugentar os insetos. Intrigados, eles decidiram fazer vários testes com a mosca doméstica (Musca domestica) para comprovar se havia ou não fundamento naquela prática. Não deu outra: depois de uma série de medições, os cientistas publicaram trabalhos em revistas acadêmicas especializadas validando a receita do povão, cerca de seis anos atrás.

É verdade que as baratas podem sobreviver a uma guerra nuclear?


Elas podem sobreviver a uma guerra nuclear em termos. "Para que isso ocorra, será necessário que esses insetos estejam distantes do centro de ação da bomba e, portanto, expostos a menor grau de radioatividade. Do contrário, em virtude do calor gerado pela explosão, não seria possível sua sobrevivência", afirma a bióloga Celuta Paganelli, diretora da Enbio - Ensaios Biológicos, empresa de consultoria e controle de pragas de São José dos Campos (SP). As baratas possuem algumas características morfológicas que as tornam mais resistentes que a maioria dos animais. O tamanho reduzido e o corpo achatado permitem que elas se escondam em pequenas frestas, protegendo-se da radiação da bomba.
Outra vantagem das baratas é a alimentação diversificada, inclusive ingerindo fezes e cadáveres de outros exemplares da mesma espécie. Isso sem falar que elas têm alto potencial reprodutivo. Além de resistentes, esses insetos têm uma longa história, pois sua origem remonta há cerca de 320 milhões de anos. Existem aproximadamente 4 mil espécies desse animal no mundo, sendo que uma das mais conhecidas é a barata-de-esgoto (Periplaneta americana).


É verdade que o camarão tem o coração na cabeça?

Sim, é verdade. Aliás, não só o coração mas também praticamente todo o sistema digestivo desse crustáceo se localiza na cabeça. "O hepatopâncreas é um sistema glandular que tem funções de fígado, de pâncreas e também de estômago. Ele está localizado dentro do cefalotórax, a região do corpo dos crustáceos e aracnídeos formada pela fusão da cabeça e do tórax", diz o biólogo Edemar Roberto Andreatta, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A anatomia do camarão se caracteriza pelo corpo semitransparente, com abdômen flexível. Ele tem antenas longas e apêndices modificados que o ajudam a nadar. Dependendo da espécie, seu tamanho varia de poucos milímetros a mais de 20 centímetros.
No Brasil, existem mais de mil espécies, sendo as mais importantes o camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis) e o camarão-branco (Litopenaeus schmitti). A maioria desses crustáceos vive no mar, mas alguns são encontrados em rios e lagos. Um dos maiores camarões de água doce do mundo é o da Malásia (Macrobrachium rosenbergii), que pesa até meio quilo e mede 30 centímetros.

Como é feita a teia de aranha?

Os fios são produzidos em uma glândula localizada no abdômen do animal. Dependendo da espécie da aranha, esses fios são usados para formar estruturas e desenhos diferentes, o que varia também em função da finalidade da construção. Os principais tipos de teias servem para captura, cópula ou refúgio (veja no texto abaixo), mas existem também as de muda, que são usadas por algumas espécies que trocam o esqueleto externo. Duas aranhas bastante conhecidas produzem teias bem características. A viúva-negra faz um desenho completamente irregular, que nada lembra a precisão geométrica de algumas construções. Já algumas caranguejeiras têm o costume de preparar uma teia bastante densa sobre o solo, onde podem ficar escondidas. "Geralmente são as fêmeas que constroem as teias. Os machos só fazem isso ocasionalmente", diz a bióloga Irene Knysak, do Instituto Butantan, em São Paulo. Os fios de seda são extremamente resistentes e elásticos.
Com espessura equivalente a um décimo de um fio de cabelo, eles podem ser esticados, sem quebrar, 40% acima do seu comprimento normal - o dobro da elasticidade do náilon. Especialistas calculam que um fio de teia grosso como um lápis seria capaz até mesmo de parar um Boeing 747 em pleno vôo!


Por que os cães fazem tanto xixi nos postes?

Porque eles gostam de marcar os lugares por onde passam e a melhor maneira de fazê-lo é deixando seu cheiro por meio da urina. "Quando os cães fazem um mesmo trajeto em seus passeios diários, eles passam a achar que são os donos do caminho e o xixi tem a função de demarcar o território", afirma a treinadora de cães Sheila Niski, que trabalha num grande canil de São Paulo. Normalmente a urina é feita no ponto mais alto que o animal conseguir, o que ajuda a deixar claro que aquele lugar já foi conquistado. Além da função de marco territorial, o xixi serve também para passar várias outras informações importantes. Ao cheirar a urina de um outro cachorro, o animal pode descobrir, por exemplo, se quem passou por lá antes era um macho ou uma fêmea, um cão filhote ou um adulto. É claro que, após identificar a marca "rival", ele irá fazer xixi em cima dela, mostrando para os próximos cachorros que passarem por lá quem foi o último a estar no local.

Por que o caranguejo anda de lado?

Simples: porque é dessa forma que as juntas de suas patas se dobram. Ao serem flexionadas, as patas de um lado do corpo do caranguejo o puxam no sentido lateral e as do outro lado do corpo ajudam, empurrando o animal no mesmo sentido. "A movimentação das patas deles é mais eficiente lateralmente, porém os caranguejos também são capazes de andar para a frente, só que mais devagar", diz o biólogo Sérgio Luiz de Siqueira Bueno, da Universidade de São Paulo (USP). Os caranguejos pertencem ao filo dos artrópodes - que reúne animais com patas articuladas - e à classe dos crustáceos, da qual também fazem parte os camarões. Eles têm cinco pares de patas, sendo que as duas da frente evoluíram para afiadas garras que são usadas para caçar e brigar com membros da mesma espécie. Os caranguejos são considerados uma espécie de urubu do mar, pois adoram carniça e todo tipo de detrito. Outra curiosidade é que alguns deles, como o aratu, apesar de não conseguirem nadar, podem subir em árvores.

É verdade que existem peixes tão venenosos quanto cobras?

É verdade, sim. Alguns peixes da família Sinancejidae encontrados no oceano Pacífico têm poderosas toxinas junto aos ferrões das nadadeiras, especialmente um que é conhecido pelo assustador nome de peixe-homicida (gênero Sinanceja). Seu veneno é injetado quando pisamos nele ou tentamos pegá-lo com as mãos e pode até matar a pessoa que não for socorrida a tempo. Cientistas australianos chegaram a fabricar um soro antiveneno para tratar as vítimas desse animal. Algumas raias, tanto de água doce como as marinhas, também são venenosas, possuindo um ferrão localizado na cauda. Entre as espécies de raias mais perigosas encontradas no Brasil está a arraia-lixa.
"A ferroada dela costuma provocar dor intensa, sudorese, vômito, diarréia e arritmia cardíaca, mas raramente leva à morte. As toxinas das raias são sensíveis ao calor e, por isso, os primeiros socorros com compressas de água quente aliviam a dor", afirma o biólogo José Carlos Freitas, da USP. Quanto aos tubarões, embora a grande maioria não seja venenosa, há duas espécies que têm um ferrão junto à nadadeira dorsal capaz de provocar acidentes dolorosos: o Squalus acanthias, encontrado no oceano Atlântico, e o Heterodontus francisci, que vive no Pacífico. Os cientistas especulam que a dor pode ser causada por toxinas ainda não muito bem estudadas.


Existe algum animal que chora?

Sim, mas - ao contrário da gente - esses bichos choram sem derramar lágrimas. Isso não significa que não tenham glândulas lacrimais. Muitos são dotados desses órgãos, que apresentam outra função: servem não para expressar emoções, mas para proteger e lubrificar o olho. O choro de muitos animais é um tipo especial de vocalização, ou seja: um som diferente que sai pelas cordas vocais. Esse choro sem lágrimas teria função defensiva e seria uma forma de chamar a atenção de um adulto. Isso acontece, por exemplo, com os filhotes de chimpanzés quando se perdem de sua mãe na floresta ou estão sendo desmamados por ela. Tal vocalização também já foi observada em outros animais. Os cachorrinhos, quando se sentem ameaçados, emitem gemidos e os filhotes de aves piam.
"Charles Darwin, criador da teoria evolucionista, relata que um treinador de elefantes do zoológico de Londres lhe disse que os animais choravam com lágrimas", afirma o biólogo Jeffrey Manson, autor do livro Quando os Elefantes Choram: a Vida Emocional dos Animais. Essa capacidade dos paquidermes, entretanto, nunca foi definitivamente comprovada.



Como se defender de um cão feroz?

O ideal, claro, é evitar o confronto corpo a corpo. "Se encontrar um cachorro bravo, jamais olhe-o nos olhos, porque ele interpretará isso como um desafio", afirma o médico-veterinário Mauro Lantzman, professor de Psicobiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, são notificados, no Estado, cerca de 130 mil acidentes com animais por ano - e os cães são, disparado, os principais agressores, responsáveis por 85% dos ataques. Além dos ferimentos provocados pelas mordidas - que podem ser fatais -, existe o risco de transmissão da raiva, doença que, se não for tratada a tempo, também pode levar à morte. Algumas cidades brasileiras já seguiram o exemplo de países como a Inglaterra, criando leis que obrigam raças mais perigosas a usar focinheira em lugares públicos. Em Curitiba, a medida vale para pastor alemão, fila, rotweiller, doberman, mastim napolitano, american staffordshire, pitbull e bull terrier - e qualquer outro cão com mais de 20 quilos. Em Belo Horizonte, a obrigatoriedade é só para o pitbull. Mas o que pode provocar um ataque desses? "Existem vários motivos: instinto de liderança, treinamento, medo, predação, sofrimento, brincadeira, defesa da prole ou mesmo de objetos", diz Mauro. Crianças, e profissionais como carteiros, lixeiros, leituristas de consumo elétrico, água e gás, costumam ser as vítimas preferenciais. Mas o próprio dono ou qualquer pedestre que estiver passando por perto também podem ser atacados.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Por que os pássaros, ao voar em bando, formam um V?

Porque, assim, eles poupam energia. A estratégia é inteligentíssima e produz uma economia fundamental para pássaros migratórios que precisam percorrer distâncias longas. Trata-se de uma questão de aerodinâmica: quando a ave que encabeça o bando bate as asas, vencendo a resistência do ar, forma-se, atrás dela, um vácuo que ajuda as outras a planar por mais tempo e com menos esforço. Observando no céu uma formação dessas, você perceberá que o animal que vai na frente bate as asas muito mais intensamente do que os que vêm atrás. E tem mais: para não cansar o líder, eles se revezam nessa posição dianteira. Há muito tempo os cientistas suspeitavam que a aerodinâmica beneficiava a formação em V, mas só conseguiram comprovar esse efeito recentemente, graças a estudos conduzidos pelo biólogo Henri Weimerskirch no Centro Nacional de Pesquisa Científica de Villiers, na França.
Ele descobriu que o batimento cardíaco de pelicanos voando em V era menor do que quando estavam em terra. Isso foi possível graças à instalação de pequenos monitores cardíacos nas costas das aves, treinadas para perseguir a luz de uma aeronave. O monitoramento mostrou que os pelicanos que seguem o líder economizam até 14% de energia.



É verdade que as emas comem de tudo, inclusive metais?



Por incrível que pareça, é sim. Essa ave (de nome científico Rhea americana) - que corre a 60 km/h e vive nas planícies da América do Sul, do Brasil à Argentina - é, provalmente, o animal mais guloso do planeta e engole tudo o que vê pela frente. Seu trivial sortido inclui folhas, frutinhas, sementes, insetos e pequenos animais como lagartos, rãs e cobras, mas ela não dispensa pedrinhas, tampas de garrafa, pedaços de plástico e fechos de latas de refrigerantes. A mesma voracidade é notada em seu primo africano, o avestruz, outro comilão de primeira, que - assim como a ema, o casuar, o pavão, o kiwi, o peru e o pingüim, entre outras - pertence ao grupo das aves ratitas: as que não voam. Alguns estudiosos afirmam que a ema tem atração especial por objetos brilhantes porque seu prato preferido são besouros de casca reluzente, com aparência metálica. Mas ninguém sabe se ela come esses objetos por engano ou por opção.
O certo é que tudo o que a ema engole vai para o estômago sem ser mastigado. Depois, os corpos estranhos são regurgitados ou expelidos junto com as fezes. Quando ficam presos no estômago, podem levar o animal à morte. Mas é o ser humano, e não o apetite exagerado, que mantém a ema na lista de animais ameaçados de extinção.

Existem outros animais que sorriem, além do homem?

Existem, sim, mas não se trata de uma expressão de alegria, como o riso humano. O sorriso animal se limita a movimentos da face e ruídos vocais provocados por alguma atividade descontraída. "Os ratos, por exemplo, emitem vocalizações ultra-sônicas, inaudíveis para os ouvidos humanos, quando estão brincando de rolar no chão", diz a psicobiologista Sílvia Helena Cardoso, da Unicamp, especialista no assunto. Algumas pesquisas sugerem que os cachorros também são capazes de algo parecido, produzindo um som ofegante, diferente do seu estado normal ou de quando estão atacando. Mas são os macacos - principalmente os chimpanzés - que têm um riso mais parecido com o nosso, escancarando a boca e mostrando os dentes. O objetivo da risada deles, entretanto, não é demonstrar alegria, mas amizade e descontração.
"Eles fazem isso quando estão brincando ou em situações relaxadas", afirma o psicólogo César Ades, da USP, especializado em comportamento animal. Já a hiena é incapaz de sorrir. Embora tenha se tornado famosa por emitir um som parecido com uma gargalhada, ele nada tem a ver com riso ou simpatia. Ao contrário, pode até ser uma forma de intimidar o adversário.


É verdade que, mesmo dormindo, os gatos percebem o que se passa no ambiente?

Sim, isso acontece com todos os felinos e não apenas com os gatos domésticos. "Durante o sono, o cérebro desses animais mantém uma atividade básica, que registra os estímulos sonoros ao seu redor", afirma o neurobiólogo Gilberto Xavier, da USP. O mais curioso é que, além disso, eles ainda conseguem selecionar, entre esses ruídos, aqueles que lhes interessam, normalmente associados à alimentação, como o abrir e fechar da porta da geladeira ou o arrastar da sua tigela de comida. Já barulhos como o de uma máquina de lavar roupa são simplesmente ignorados. Outro aspecto assombroso do sono felino é a quantidade de tempo que eles passam dormindo: nada menos que 16 horas por dia, mais que o dobro da maioria dos mamíferos!

Por que a tartaruga é tão lenta?

Porque ela não precisa ser rápida! Seu casco oferece uma proteção tão segura contra predadores que não há necessidade de gastar energia andando em velocidade. "Essa proteção é tão eficiente que, em cerca de 200 milhões de anos, as tartarugas sobreviveram até ao cataclisma que extinguiu os dinossauros", afirma o biólogo Flávio de Barros Molina, chefe do Setor de Répteis da Fundação Parque Zoológico de São Paulo. As tartarugas terrestres, conhecidas como jabutis, estão realmente entre os animais terrestres mais vagarosos, principalmente espécies como a tartaruga do pântano americana (Clemmys muhlenbergii), que leva um dia inteiro para percorrer apenas 17 metros. No entanto, essa lerdeza não é compartilhada pelas tartarugas aquáticas, que conseguem desenvolver velocidades razoáveis. A tartaruga verde (Chelonia mydas), por exemplo, é capaz de nadar a até 20 quilômetros por hora - com um detalhe: as fêmeas deslocam-se com mais rapidez que os machos, provavelmente para poder proteger os filhotes.
A tartaruga verde (Chelonia mydas) nada a 20 quilômetros por hora, velocidade que as tartarugas terrestres não conseguem atingir.


Por que as aves não urinam?

Simples: porque elas não têm bexiga para armazenar a urina. Sempre que um pássaro bebe algum líquido, esse vai direto para o intestino, onde é absorvido; depois passa para o sangue e chega aos rins, para ser purificado. As impurezas que sobram desse processo - principalmente uma substância conhecida como urato - são levadas por um canal diretamente dos rins para os intestinos, onde são depositadas junto com as fezes e expelidas através da cloaca, na mesma abertura dos órgãos genitais. "É por isso que se observa nas fezes da maioria das aves uma parte esbranquiçada, formada pelo urato’, diz o ornitólogo Werner Bockerman, da Fundação Parque Zoológico de São Paulo.

Por que o pato não se molha ao entrar na água?

O bicho realmente tem uma artimanha especial: suas penas são cobertas por uma camada de óleo que as torna impermeáveis. Essa secreção oleosa é uma cera produzida pela glândula uropígea, localizada embaixo da cauda. Com seu bico, a ave retira o óleo e o espalha pelo corpo. "Para afogar um pato, é só lavá-lo com detergente", afirma a veterinária Arani Nanci Bonfim Mariana, da USP. "Sem a proteção dessa cobertura oleosa, as penas ficam encharcadas e ele pode afundar. Além disso, a fina camada de ar entre as penas e o corpo - que permite que a ave flutue - desaparece, piorando ainda mais a situação", diz ela. A glândula uropígea está presente em praticamente metade das aves, como galinhas, canários e pardais. A cera produzida por ela também é importante para manter as penas limpas e proteger da chuva.

Por que os cães enterram seus ossos?

É um comportamento que eles parecem ter herdado de seus ancestrais, os lobos - que, por uma questão de sobrevivência, enterravam o que sobrava das presas abatidas como prevenção contra a escassez de caça. Essa estratégia, no entanto, está se tornando cada vez mais rara, segundo a veterinária Hanne Lore Fuchs, presidente da Associação Brasileira de Zooterapia, em São Paulo. "O osso já não faz parte da alimentação dos cães, que geralmente comem apenas ração. Além disso, os ossos artificiais, produzidos com couro trançado, não resistem muito tempo debaixo da terra, enquanto o osso natural não é aconselhável, pois pode machucar a garganta", diz Hanne. Apesar disso, alguns cães ainda podem ser observados enterrando objetos - o que demonstra que se trata de um comportamento herdado geneticamente, que já não traz mais nenhuma vantagem para um animal doméstico.

É verdade que os lobos uivam para a Lua?



Não! Eles fazem isso principalmente para chamar seu grupo para a caça. Acontece de uivarem com muito mais freqüência em noites de Lua cheia porque o clarão do luar é uma condição altamente propícia para localizarem suas presas. Depois da caçada, o som serve também para reunir novamente o bando: os lobos são capazes de reconhecer uns aos outros apenas pelo uivo de cada um. "Mas eles também podem uivar quando não há Lua. Afinal, caçam todos os dias", diz a bióloga Ana Maria Beresca, da Fundação Parque Zoológico de São Paulo. A outra função do uivo, idêntica ao latido dos cachorros, é marcar seu território. Dois grupos que pretendem ocupar a mesma região podem deduzir o tamanho do bando rival: a diversidade dos uivos revela o número de animais.
Os lobos vivem na América do Norte, Groenlândia, Europa e na Ásia. Antigamente, seus uivos podiam ser escutados em todos os Estados Unidos, mas hoje em dia os lobos estão entre os animais em risco de extinção. O problema é que eles atacam o gado e outros animais domésticos e, por isso, fazendeiros costumam oferecer recompensas por suas peles, tornando-os bastante caçados. Embora sejam temidos, raramente atacam o homem, preferindo, em geral, evitá-lo.

Como os peixes-elétricos geram eletricidade?

Esses animais têm um órgão especializado - chamado justamente de órgão elétrico -, composto de células que se diferenciaram a partir dos músculos durante sua evolução. Assim como os músculos geram eletricidade ao se contraírem, pela entrada e saída de íons de suas células, cada eletrócito (célula do órgão elétrico) também se carrega e descarrega continuamente. Cada vez que os eletrócitos são estimulados por um comando que vem do cérebro, eles produzem uma pequena descarga elétrica de aproximadamente 120 milésimos de volt (120 milivolts). Como o órgão elétrico é formado por milhares de eletrócitos que se descarregam ao mesmo tempo, um peixe como o brasileiro puraquê (Electrophorus electricus), com mais de 2 metros de comprimento, pode gerar mais de 600 volts numa única descarga. "O puraquê é apenas uma entre mais de 120 espécies de peixes elétricos que existem na América do Sul.
Todas as outras espécies produzem descargas mais fracas, que variam entre menos de 1 volt e 5 volts", diz o biólogo José Alves Gomes, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Também há peixes elétricos em rios da África. Nos oceanos, há duas espécies de arraia e uma de peixe capazes de emitir descargas elétricas.


É verdade que os cães atacam quem demonstra medo?

Por ter uma visão apurada, o cão percebe mudanças no movimento de uma pessoa assustada. "O animal descende do lobo e dele herdou o instinto da caça. Se alguém começa a andar furtivamente ou com uma postura submissa, ele logo identifica uma presa fácil. O mesmo acontece quando a pessoa corre. Nem sempre o cão persegue a vítima com o objetivo de atacar. Muitas vezes só quer espantá-la e mostrar quem manda no território", diz a veterinária Hanellori Fuchs, da Universidade de São Paulo. O problema é que, quando alguém está com medo do animal, costuma fazer movimentos bruscos, como levantar a mão. Esse gesto de defesa da pessoa é entendido como um ataque pelo cão e pode levá-lo a avançar.


Como ocorre a camuflagem do camaleão?

O mimetismo é a capacidade de imitar o ambiente, para se confundir com ele. O camaleão faz isso trocando de cor, porque consegue controlar a concentração de pigmento nas células de sua pele. Tais células têm formato estrelado, com ramificações que se distanciam do centro. Ao longo delas, existem microtúbulos para carregar o pigmento do núcleo para as extremidades. Há vários tipos de pigmentos, formando cores diferentes. Dependendo da situação, os microtúbulos carregam determinado pigmento para as ramificações das células, alterando a cor da pele do bicho. Os fatores que provocam a mudança vão da defesa do território contra um macho rival à camuflagem para fugir de um predador ou se aproximar de uma presa. "Passar de uma planta verde para outra florida também pode desencadear o mimetismo", diz a bióloga Maria Aparecida Visconti, da USP. Além do camaleão, outros lagartos, lulas e polvos também podem mudar de cor rapidamente.

Qual é o animal que vive mais tempo?

Em 1776, o explorador francês Marion de Fresne recolheu cinco jabutis da espécie Geochelone sumeirei em seu hábitat natural - as Ilhas Seychelles, no Oceano Índico. Dos cinco, o que viveu mais tempo morreu em 1928, com 152 anos. A espécie ficou conhecida como tartarugas Marion. "Isso não significa que todos os quelônios - como é chamada a família das tartarugas - cheguem aos 150 anos, mas nos dá uma boa estimativa de sua longevidade", afirma o biólogo Flávio de Barros Molina, chefe do Departamento de Répteis da Fundação Parque Zoológico de São Paulo. "A média de longevidade dos jabutis é de 60 a 80 anos, com grande potencial para chegar aos 100", diz Flávio. Ao contrário dos mamíferos, os quelônios continuam crescendo a vida toda e, quanto mais velhos, mais fortes e saudáveis se tornam. As fêmeas mais velhas põem mais ovos e têm filhotes com mais saúde.

Os animais conseguem se reconhecer no espelho?

A maioria dos animais não se reconhece no espelho. "Ao ver sua imagem refletida, eles reagem como se observassem outro indivíduo da mesma espécie. Pássaros machos, por exemplo, podem se arremessar contra um retrovisor, achando que se trata de outro macho que invadiu seu território", diz o psicólogo César Ades, da USP, um especialista em comportamento animal. O chimpanzé é um dos poucos bichos capazes de se reconhecer. Ele olha partes do seu corpo por meio da imagem e, se percebe que há algo novo na sua aparência, como uma mancha pintada no rosto, por exemplo, põe a mão no local, como um ser humano provavelmente faria. Mas não são todos os primatas que têm essa capacidade. Experimentos já provaram que os micos-leões, por exemplo, não se identificam. Um estudo feito em 2001 mostrou que os golfinhos, que estão entre os animais mais inteligentes do mundo, também sabem para que serve um espelho.
Essa descoberta foi importante porque até então se imaginava que somente animais dotados de lóbulos cerebrais frontais - como o homem e o chimpanzé - tinham a capacidade de se reconhecer. A pesquisa com os golfinhos derrubou a teoria e lançou a hipótese de que essa característica pode estar relacionada a outros aspectos, como o tamanho do cérebro e a capacidade de aprendizado de cada espécie.


Que animal selvagem mata mais humanos por ano?


Sem dúvida nenhuma são as cobras. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que todos os anos 125 mil pessoas morrem vítimas de picadas de serpentes venenosas. A mortalidade varia de acordo com a região do mundo. Na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá os acidentes são relativamente raros. Dos 8 mil envenenamentos ocorridos por ano, apenas de 15 a 30 resultam em mortes. Na África, por outro lado, estima-se que aconteçam pelo menos 500 mil ataques anuais, sendo 20 mil fatais. Mas o problema mais sério é na Ásia, principalmente em países como Índia, Paquistão e Birmânia. Nesse continente, morrem todos os anos de 25 mil a 35 mil pessoas por causa de picadas de cobras venenosas. No Brasil, dados do Ministério da Saúde revelam que ocorrem de 19 mil a 22 mil incidentes por ano, com cerca de 85 a 100 óbitos. Embora em número bem inferior, elefantes, tubarões, hipopótamos e tigres também são bichos selvagens responsáveis por vários acidentes fatais envolvendo humanos. Os leões eventualmente também entram nessa lista: em setembro deste ano, 13 pessoas de uma aldeia em Moçambique foram mortas por um selvagem "Rei da Selva". Em tempo: quando falamos de animal selvagem estamos excluindo, por exemplo, os insetos, que são importantes vetores de doenças. Só os mosquitos do gênero Anopheles ajudam a matar mais de 1 milhão de pessoas por ano ao transmitirem a malária!

Qual é o bicho mais comilão?

Sem dúvida nenhuma, o bicho que come a maior quantidade de alimento por dia é a baleia azul, não por acaso o maior animal do planeta. Para manter seu corpo colossal em funcionamento, ela ingere cerca de 8 toneladas de comida diariamente, o que corresponde a 5% de seu peso total. Entre os animais terrestres, o campeão é o elefante, que abomina qualquer tipo de carne e se empanturra de capim e outros vegetais. Mas esses dois só podem ser considerados campeões se levarmos em conta a quantidade absoluta de comida. Quando o critério é a relação entre o peso do bicho e a ingestão de alimento, o título de maior comilão do mundo vai para um pequeno mamífero de apenas 3,5 centímetros de comprimento, o musaranho pigmeu. Dono de 30 afiados dentes, ele praticamente vive para comer. Na lista das espécies boas de garfo que você confere abaixo, deixamos de fora insetos, vermes e outros parasitas, devido à escassez de informações sobre o "cardápio" desses animais.

Quais são as estratégias de defesa mais estranhas do mundo animal?

Vale tudo para não ser comido no reino animal: do uso de "armas químicas", como cortinas de fumaça e bombas malcheirosas, a "interpretações cênicas" que mereceriam um Oscar. Segundo o etólogo (estudioso do comportamento animal) César Ades, da Universidade de São Paulo (USP), todos os bichos desenvolvem algum mecanismo de defesa para sobreviver, principalmente os que estão na parte inferior da cadeia alimentar. "Os comportamentos de defesa variam de uma espécie para outra, mas normalmente são de contra-ataque, camuflagem ou fuga. Quanto mais visado o bicho for, mais esperto precisa ser para não ser capturado", diz o etólogo. Uma estratégia muito usada é o mimetismo, em que um animal copia o colorido, a forma ou o comportamento de outro para se defender. Existem também táticas grupais e vale até mesmo se fingir de morto para escapar.

Como o pica-pau sabe onde encontrar comida na madeira?

O pica-pau tem um ouvido pra lá de afiado e é capaz de escutar o barulho de larvas de cupins, formigas e outros insetos se mexendo dentro do tronco das árvores. Para furar a madeira no ponto certo onde está seu rango, o pássaro também arrisca algumas bicadas para explorar o terreno. "Por meio da batida do bico, ele consegue localizar espaços ocos, onde a probabilidade de achar comida é maior", diz o ornitólogo Luís Fábio Silveira, da Universidade de São Paulo (USP). Após furar a madeira, o pica-pau captura os insetos com uma língua pegajosa. Ao contrário da maioria dos pássaros, ele não canta, mas solta um grito característico. Existem cerca de 180 espécies de pica-paus no mundo. Entre as diversas que vivem no país, a maior é o pica-pau-rei, que chega a atingir 36 centímetros de comprimento e a pesar 200 gramas.



Sem dor de cabeçaCaracterísticas do crânio ajudam o pássaro a dar cem bicadas por minuto sem ficar tonto!
CRÂNIO
É muito espesso, o que garante resistência, e têm espaços internos, que ajudam a absorver o impacto das cabeçadas
MUSCULATURA
Os músculos do pescoço são muito resistentes e a língua grande se projeta por trás do crânio, reduzindo o impacto dos choques
CUPIM
Larvas de cupins, aninhadas em trechos ocos das árvores, são uma das principais fontes de alimento do pica-pau
BICO
Além de ser duro pra chuchu, o bico pontudo é "fundido"ao crânio, por isso é muito difícil ele quebrar


Como o vaga-lume emite luz?

Tudo não passa de um belo truque químico. O oxigênio que é inalado pelo vaga-lume reage com substâncias de seu organismo e o resultado é a liberação de energia em forma de luz. Os cientistas chamam esse fenômeno de bioluminescência e ele rola também em outras espécies, como o peixe-lanterna Photoblepharon sp., que vive nas profundezas dos oceanos, e um pequeno crustáceo chamado cypridina. Entre os besouros, os cientistas já detectaram pelo menos três famílias de luminescentes. Os vaga-lumes (da família dos lampirídeos) emitem luz entre o verde e o amarelo. Os salta-martins (elaterídeos) produzem uma luz um pouco diferente, que vai do verde ao laranja. Já os chamados trenzinhos (fengodídeos) detonam: sua luz pode ser verde, vermelha, laranja e amarela. Alguns trenzinhos chegam a ter uma lanterna vermelha sobre a cabeça e onze pares de lanternas laterais de cor amarelada no abdômen, ou seja, um verdadeiro painel luminoso! "A função biológica da bioluminescência é pouco compreendida


Como os ursos hibernam?

Para enfrentar o frio e a escassez de alimentos do inverno do hemisfério norte, eles tiram o time de campo, passando um tempo sem beber, comer, urinar e defecar. No caso dos ursos-negros, esse período varia entre cinco e sete meses por ano. Segundo uma pesquisa da Universidade do Alasca divulgada em fevereiro, o metabolismo dessa espécie fica reduzido a 25% de sua capacidade, a temperatura do corpo baixa em média 6 oC e a frequência cardíaca cai de 55 para só nove batimentos por minuto! A queima da gordura estocada no corpo libera a água e as poucas calorias de que ele necessita para sobreviver. Também acontece uma reciclagem de componentes nitrosos, como a ureia. Combinados com a glicerina resultante do uso da gordura, esses dejetos formam aminoácidos que ajudam a manter as proteínas corporais.

É verdade que vacas têm quatro estômagos?


Sim, é verdade. As vacas têm um estômago peculiar (com quatro cavidades), responsável pelo longo processo de alimentação. Essa característica (de mastigar e engolir várias vezes) foi desenvolvida para ajudar na digestão. E graças aos fungos, protozoários e bactérias presentes nos estômagos, tudo o que é ingerido é transformado em nutrientes e proteína animal, aumentando o leque de fontes alimentares.
A relação é simbiótica, em que todos saem ganhando. A bactéria, por exemplo, se aproveita do que a vaca come e isso faz com que a celulose, presente nas fibras, seja mais bem aproveitada pelo animal. Apesar das semelhanças, nem todos os ruminantes têm quatro estômagos. Camelos e lhamas, por exemplo,são chamados de pseudo ruminantes, já que possuem uma cavidade a menos devido ao processo evolutivo.

A que distância chega o pulo de um sapo?



Alguns anfíbios podem saltar distâncias que correspondem a cem vezes o seu tamanho.
É o que acontece com a rãzinha- saltadora (Pseudopaludicola saltica), um bichinho encontrado no Brasil. Com apenas 1,5 centímetro, ela é capaz de dar incríveis saltos de 1,5 metro! Proporcionalmente, é como se um homem adulto fosse capaz de saltar uns 170 metros - quase a distância de dois quarteirões. Já pensou?
Outro bicho pulador é a perereca Acris gryllus, encontrada somente no México, nos Estados Unidos e no Canadá. Ela mede 4 centímetros e pode dar pulos de até 40 vezes o seu tamanho, atingindo a marca de 1,6 metro. Tamanha facilidade para o salto acontece em razão de adaptações físicas no corpo desses bichos. "Os anfíbios conseguem saltar longas distâncias graças a certas particularidades de sua anatomia, especialmente por causa das pernas bem desenvolvidas", afirma o biólogo Luís Felipe Toledo.
Mas, ao contrário do que se possa pensar, nem todos os sapos pulam. Alguns, como o sapo-andarilho (Macrogenioglottus alipioi), típico da mata Atlântica, só se movem caminhando. Eles não têm essa capacidade de pular porque suas pernas são proporcionalmente mais curtas do que as dos anfíbios saltadores.

Como pode a formiga erguer objetos mais pesados do que ela própria?

Proezas como as da saúva, capaz de levantar 14 vezes o seu peso e percorrer 1 quilômetro por dia - o equivalente, para um ser humano, a erguer 1 tonelada e ir de São Paulo a Buenos Aires num só dia -, só são possíveis em animais de tamanho reduzido. Nessas dimensões, a massa do corpo torna-se desprezível perto da força muscular. Não é o que acontece com um elefante, por exemplo, que tem de carregar um corpo proporcionalmente mais pesado, sendo incapaz de levantar seu próprio peso. Isso acontece porque, à medida que o corpo aumenta, o peso cresce mais do que a força muscular. Além disso, a formiga tem um corpo bem adaptado para o transporte de cargas, com um esqueleto extremamente leve e seis patas sobre as quais pode distribuir o peso da carga.

É verdade que cães e gatos enxergam em preto-e-branco?


Isso é só um mito. Esses animais conseguem enxergar cores, sim, embora de uma forma mais limitada do que a gente. Ao contrário dos humanos, que têm três tipos de pigmentos na retina capazes de captar o azul, o vermelho e o verde, cães e gatos só possuem dois pigmentos, o que reduz o espectro de cores que eles podem identificar."Alguns pesquisadores acreditam que eles enxergam azul e amarelo, enquanto outros defendem que eles vêem azul e vermelho, mas todos são unânimes em dizer que eles não percebem o verde", diz a veterinária Adriana Teixeira, especialista em oftalmologia animal. Essa limitação visual, no entanto, não é um problema, já que os animais a compensam de outras formas. Cães e gatos, por exemplo, conseguem ver muito bem na penumbra, são capazes de diferenciar várias tonalidades de cinza e possuem enorme habilidade para detectar movimentos. Em tempo: entre os poucos animais que enxergam em preto-e-branco estão os peixes abissais, que, aliás, não sofrem muito com isso. Afinal, nas profundezas dos mares, onde a iluminação é baixíssima, não existem cores para ser vistas.

Qual animal tem a melhor visão?

Não existe nenhum ranking oficial, porque os cientistas nunca fizeram um estudo comparando a capacidade visual dos animais. Mas, tomando por base os diversos estudos isolados sobre a visão dos bichos, dá para apostar com bastante certeza: as aves de rapina são quem enxerga melhor no planeta. Isso, claro, levando em conta o alcance da visão. Para esses animais, a precisão visual é um requisito básico para conseguir o almoço de cada dia. 

No pódium dos bons de olho, o 3° lugar vai para:


3°  O falcão. Quando está caçando, ele enxerga presas pequenas a 1 500 metros de altitude.




2°    O segundo lugar é do abutre-de-rüppel (Gyps rueppellii), o pássaro que voa mais alto no mundo, atingindo mais de 11 mil metros. Em suas viagens estratosféricas pelo continente africano, o abutre identifica um coelho a 2 500 metros de distância.





1°      Mas o grande vencedor é mesmo a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), que consegue focalizar um ratinho tentando se esconder no gramado enquanto voa a 5 mil metros de altitude.



  

E em que lugar fica o homem nessa lista de visão? Ninguém sabe ao certo, mas certamente não chegaríamos nem no top 10. Isso porque, além das aves de rapina, os felinos também são bons de olho. Os olhos desses animais contam com células especiais que melhoram muito a visão no entardecer e à noite - há estudos que demonstram que a visão deles é seis vezes melhor que a nossa!